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LÍDERES QUE VIOLENTAM O POVO - Parte 1




O Problema dos Pastores Profissionais - I Pedro 5:1/4.


INTRODUÇÃO

Os discípulos do Senhor Jesus, felizmente, eram como todos nós. Isto quer dizer que eram pecadores e falhos como todos nós somos. Nos dias do Antigo Testamento o Salmista se refere ao Deus de Jacó como uma maneira de nos consolar em meio às nossas fraquezas quando diz: Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no SENHOR, seu Deus - Salmo 146:5 .
A expressão “Deus de Jacó” é uma referência clara ao fato de que Deus está acostumado a lidar com pessoas pecadoras e contraditórias como Jacó e como qualquer um de nós.

O registro dos Evangelhos está cheio de circunstância onde o Senhor precisou agir com firmeza para corrigir estas situações anômalas na vida dos Seus discípulos e apóstolos. Uma destas circunstâncias é aquela que trata do pedido de Tiago e João e da mãe deles, que havia decidido agir como se fosse uma verdadeira empresária dos próprios filhos. O pedido em questão, feito ao Senhor Jesus, era o seguinte: Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e, adorando-o, pediu-lhe um favor. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua esquerda – Mateus 20:20/21.

O pedido de Tiago e João visava satisfazer a uma das necessidades mais básicas que existem em todos os seres humanos que é ter autoridade sobre outros que são seus iguais!

O Senhor Jesus tratou com bastante firmeza aquela situação, procurando mostrar aos discípulos que as regras que deveriam existir entre eles eram diversas das regras que existiam entre as pessoas que não são discípulos de Jesus. Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos – Mateus 20:24/28.
O princípio que o Senhor Jesus quis ensinar era bastante necessário e urgente naquele momento. A saúde da futura Igreja Cristã iria depender, em parte, da obediência às palavras de Jesus acima mencionadas. Um dos aspectos do verdadeiro Cristianismo que mais encanta este autor é o fato de que nosso Deus e Senhor é sempre nosso exemplo naquilo que demanda de nós. Quando o Senhor Jesus confrontou Seus discípulos, mostrando-lhes como a conduta deles precisava ser diferente do exemplo que viam na humanidade em geral, emendou dizendo que esta havia sido a atitude ou exemplo que estavam recebendo d’Ele. Em outras palavras, Jesus disse aos discípulos que eles pertenciam a uma comunidade de pessoas que eram rigorosamente iguais e que não deveria existir nenhum tipo de interesse dominador por parte de uns sobre os outros como estava implícito no pedido de Tiago e João. O serviço cristão praticado de uns para com os outros produz apenas o bem ao passo que o desejo de dominar sobre outros conduz irremediavelmente a partidarismos, contendas, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas bem como o abusos de toda sorte – ver Gálatas 5:19/21.

Temos observado, com grande tristeza, inúmeros abusos que estão ocorrendo no seio da Igreja em geral bem como no seio do Cristianismo em particular. Estes abusos têm causado inúmeros males ao corpo de Cristo, além de destruir por completo inúmeras vidas. Muitos destes que foram abusados perderam a fé e alguns até se tornaram inimigos da fé cristã como conseqüência direta dos abusos que sofreram. É intenção de estudo é discutir tão delicado assunto visando contribuir para que de alguma maneira possamos seguir no caminho do serviço em vez do caminho do autoritarismo e do abuso espiritual. Nesta questão envolvendo abuso espiritual não existem inocentes. Lideranças e liderados são igualmente responsáveis pelo descalabro que podemos observar e igualmente culpados pelos males praticados.

Liderança é Serviço e não Senhorio.

1. A Tênue Linha que Separa o Serviço do Senhorio.

2. A Questão Representada pela Existência dos “Servos” Profissionais.

Nos últimos anos temos podido notar um número cada vez maior de “servos” profissionais que têm usado o povo de Deus para construir seus pequenos impérios que incluem, entre outras coisas, residências em diversas cidade e países, automóveis, móveis e roupas de luxo, canais de televisão e estações de rádio etc. Estes verdadeiros “senhores”quando confrontados com a dura realidade representada pela Palavra de Deus, muito dificilmente se arrependem, preferindo lançar mão de um poderoso arsenal, que na realidade não passa de um grande besteirol, para justificar seus desmandos.

3. Tanto faz mentor ou tutor, o exemplo vem sempre de cima.

O exemplo vem sempre de cima, ou seja, o exemplo estabelecido pela liderança será sempre imitado e servirá de inspiração e motivação para quem está mais em baixo.

4. Nobreza ou rebelião?

Atos 17:11. Nos dias de hoje qualquer um que tente imitar o bom exemplo que nos foi deixado pelos bereanos será rigorosamente tachado de “rebelde”. Este tipo de abuso ocorre em duas frentes. A primeira é quando o líder usa as Escrituras de forma abusiva para ensinar ou justificar práticas que não se sustentam diante de uma análise mais apropriada. Neste caso não importa o que a Bíblia ensina e sim a interpretação particular que foi fornecida pelo líder A segunda ocorre quando o líder ignora por completo a Bíblia e parte para ensinar algo que nem de longe poderia ser justificado pelo ensino das Escrituras.



Redefinindo Liderança e seus Termos.

Uma das características mais marcantes dos líderes que praticam o abuso espiritual é a insistência em redefinir certos termos. Palavras acerca das quais estávamos absolutamente certos de conhecermos o significado, de forma precisa, são manipuladas a um nível que as tornam irreconhecíveis. A manipulação é tão extensa e profissional que chegamos a duvidar se alguma vez entendemos, realmente, o significado de certas palavras.

1. Autoridade.

Não existe no seio da cristandade nenhuma outra palavra que seja mais abusada pelos abusadores espirituais do que a palavra autoridade. Por este motivo, todo exercício de poder de maneira imprópria, não é exercício de autoridade e sim de abuso espiritual.
a) Promover um sentimento de culpa generalizado quando não existir conformação automática aos desejos manifestos da liderança.
b) Rotular as pessoas que resistem serem manipuladas de: insubmissos, orgulhosos, corações endurecidos etc.
c) Agir como se fosse o próprio Deus na vida das pessoas.
d) Manipular e torcer a palavra de Deus para conformá-la aos desejos da liderança.
e) Confrontar de maneira permanente o pecado na vida de todas as pessoas.
f) Ensinar que as pessoas devem ser julgadas pelas opiniões que possuem acerca da liderança.
g) Ensinar que não existe verdadeiro discipulado fora do redil em que a pessoa se encontra.
h) Ensinar que ser um verdadeiro seguidor de Jesus significa colocar a vontade de outro, normalmente a vontade do próprio líder, acima da própria vontade.
i) Transmitir a sensação de que a pessoa está realmente afundando na fé quando ela começa a considerar abandonar o redil em que se encontra.
j) Fazer com que pessoas rejeitem promoções no serviço, mudança de cidades ou novas oportunidades apenas para se manterem onde estão em completa submissão à liderança.
k) Torcer de maneira perversa o uso de palavras como obediência e submissão.

2. Independente.

Ser independente significa que temos a liberdade de vivermos não como queremos e sim como devemos. Mas este modo de vida é muito imprevisível para os dominadores. Eles preferem estabelecer regras fixas e rígidas para seus seguidores. Nenhuma independência ou liberdade como ensinada na Bíblia serão toleradas. Na Bíblia, independência e pecaminosidade não mantêm nenhuma relação direta.


3. Obediência e submissão.

Obediência cega e submissão inquestionável à liderança são as maiores características dos discípulos na opinião da liderança religiosa abusadora. Amor, fé e esperança são secundários, apesar da Bíblia nos ensinar exatamente o contrário!


Autocracia na Igreja.

A expressão “autocracia” é definida pelo dicionário Aurélio Século XXI como: “Governo de um príncipe, com poderes ilimitados e absolutos”. É realmente uma pena que no meio cristão existam tantos líderes “governando” a igreja desta maneira.
Bem, como toda regra tem sua exceção, os irmãos e irmãs são importantes somente em um único momento: na hora de contribuir
Pagar as contas. Todas as contas, inclusive os salários daqueles que são abusadores.
Calar a boca. Ou ficar de boca fechada mesmo diante dos maiores descalabros imagináveis.
Mas, como é que tanta barbaridade tem sido cometida no seio de igrejas cristãs? Como é possível que estas formas abusivas de pensamentos e ações permaneçam e sejam justificadas? A resposta a estas perguntas não é realmente muito complexa. O poder é criado e mantido através de um artifício muito simples. Este artifício constitui em sacralizar - atribuir caráter de sagrado - a certas formas de pensamento e de comportamento que privilegiam a classe dominante como se ela fosse melhor ou mais próxima de Deus do que o resto dos cristãos. Levantar-se contra a casta dominante torna-se sinônimo de levantar-se contra o próprio Deus.
Continua...

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