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A Vaidade Evangélica




Rubinho Pirola


Convicção é uma coisa. Presunção é outra.

A convicção, nos faz seguros e com sábio temor diante de algo que recebemos. A presunção, porque lança o foco da nossa atenção a nós mesmos, nos torna vaidosos e estupidamente inconsequentes.

A segurança da convicção, geralmente, evita com que estejamos ansiosos ou defensivos, mas a vaidade dos presunçosos, que sequer aceitam discutir ou debater o que julga crer, orgulhosos, atrevidos e tenta-nos ao desprezo dos que pensam diferente.

Há uma vaidade evangélica que dá asco. Vê-se isso em todo o lado, como a que aparece nos partidários políticos sectários, em doutores que já não pensam em progredir, mas em exibir os louros todos, em gente que pensa não precisar de mais nada, de nenhum saber e põe-se acima dos outros.

O religioso é assim. Cheio de verdade e de si mesmo.

É aquilo de: Eu tenho a razão, ela está do meu lado. Ela não me tem. Eu detenho a sua patente. E deixamos correr frouxa a nossa vontade, assentada sobre preconceitos e vaidades de obras mortas, aquelas que pretensamente nos justificam ou que releva os nossos próprios erros.

É por isso que o vaidoso das revelações divinas está pronto a perseguir, a ferir e a matar os que lhe são divergentes. Jesus enfrentou-os e eles perseguiram-no até à cruz. Pedro demonstrou desprezo a um centurião romano porque era um gentio, que como tal, estava "do outro lado".

Não há gratidão ou louvor na boca de um assim, porque verdade alguma lhe foi revelada, antes, lhe foi descoberta, por si mesmo, por um cérebro que se acredita superior. Ninguém os alcançou, acreditam. Eles foram a Deus. Eles O escolheram. Eles resolveram crer. Eles tiveram o discernimento. Eles próprios se salvaram.

Não há a rendição ou a entrega, mas antes, a posse.

Deus fala por mim. Se eu não abro a boca, Ele, por si, não diz nada. Nem faz nada. Essa é a sua confissão de fé.

Se cremos mesmo num Evangelho que nos foi entregue (a boa notícia - a que fomos todos buscados, alcançados e perdoados pelo Supremo Pastor), então não há mérito nenhum em nós. Nem orgulho. Nem glória. Muito menos, vaidade. Só gratidão e... humilhação.

Ai, há somente lugar para uma fraterna cumplicidade e solidariedade, numa miséria que nos nivela a todos. E por baixo.

"(Os homens) aprendem sempre, mas nunca podem chegar ao conhecimento da verdade." II Tm 3:7

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