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A Profissionalização do Clero




A profissionalização do clero e o processo de secularização e a conseqüente desvalorização das instituições religiosas afetaram diretamente a vida do pastor protestante, que sofreu uma perda de status na sociedade.

Por sua vez, o campo religioso brasileiro, particularmente nos últimos 25 anos do século XX, assistiu a irrupção de novos movimentos religiosos, aumentando a concorrência no interior desse campo. Surgiram, por exemplo, novos movimentos liderados por um novo tipo de pastor, que age conforme outros scripts e que, dentre as suas várias competências, tem a de dominar os modernos meios de comunicação de massa.

Todo esse cenário contribuiu para que uma sensação de crise, mal-estar e insegurança tomassem conta de boa parte do clero protestante, os vocacionados e/os comissionado.
Pastores que vendem uma falsa obediência a Deus em nome de uma subserviência a homens. Para que um pastor nomeado se torne consagrado, é necessário que ele se revele um bom arrecadador de dízimos e ofertas, O sucesso na carreira pastoral passa pela performance, isto é, pela capacidade que o pastor demonstra de captar recursos financeiros junto aos fiéis.

O pastor comissionado, por sua vez, tem uma perspectiva global do mercado religioso e lança mão de todas as jogadas de marketing para conquistar os vários setores desse mercado. Além disso, “assume, sem se envergonhar, que o ‘dinheiro é o sangue da Igreja’ e que numa ordem capitalista sem ele nada se faz”
Para tanto, ele precisa ser um bom ator, cujas qualidades teatrais são confirmadas mediante uma simples divisão do número de pessoas freqüentes no culto pela oferta arrecadada. já que essa aptidão, para a liderança, é um “sinal inequívoco de que seu ministério está ‘abençoado’ por Deus”
Cabe ressaltar que é este sistema que aí está o da Igreja/Empresa o que mais compreende no desenvolvimento de novas igrejas e ministério. Conseqüentemente, o pluralismo religioso não é apenas resultado, mas fator de secularização crescente. Um êxodo crescente de crentes migrando de um lado para outro.

“Nada mais anacrônico que o pastor numa sociedade rica e secularizada, porque a palavra que sai de sua boca é a palavra encomendada e paga pelo salário que recebe”.
Este sabe muito bem que no dia que sua palavra violentar a expectativa, os problemas surgirão. Reduzido a figura do pastor a de uma marionete/brinquedo. Cuja palavras são apenas ecos de outros pastores. Cão amordaçado.

Em cada período de mudanças sociais existem também transformações que afetam de maneira mais ou menos intensa, a ocupação de Pastor como a de Sacerdote. Sendo esta uma das conseqüências dessa desvalorização ou a perda de prestígio da ocupação pastoral, no campo religioso e no contexto organizacional.

À frente desses grupos estão, os novos tipos de líderes, portadores de um novo perfil de pastor, entre os quais é possível encontrar “o animador de auditório, o public relations, o pastor-cantor, o especialista em estratégias de marketing e de comunicação social, o telepastor.

No nível local ele administra os fiéis, o culto e todas as atividades de um templo, coordenando a equipe de pastores auxiliares e obreiros. Além dessas atividades ele deve atuar no palco-altar como ator, pregar, curar, atender pessoas no local de culto, estar à disposição do setor de publicidade da Igreja, administrar o templo, liderar o público durante o culto, distribuir os sacramentos, contar as ofertas, elaborar mapas de freqüência aos cultos, relatórios financeiros, assim como outras tarefas determinadas pelo ‘pastor regional’ ou bispo.

Para o pastor vocacionado o não profissional da fé é um desafio conviver com uma religião que se mistura com o entretenimento oferecido pela mídia. É o “culto-show”, o “culto espetáculo”, unido aos negócios e dirigido por pastores que se tornam verdadeiros especialistas em dominar grandes auditórios, como fazem os astros da música secular.

(O presente artigo é resultado de uma pesquisa realizada pela Igreja Presbiteriana do Brasil. sobre o estado atual da profissão de pastor).

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